domingo, 12 de abril de 2015

Cidade Grande


Eu cresci numa cidade que todos chamavam de cidade grande, metrópole, para mim, essa atribuição era uma autêntica piada. Sim, ninguém dizia bom dia a ninguém ou sequer sabia o nome do vizinho da porta ao lado. Sim, era impossível ser pontual a qualquer compromisso com aquele tráfego infernal. Nos hospitais, as filas de pacientes contagiando suas enfermidades para todo o lado era assustadora. Por sala de aula, mais de sessenta crianças competiam para chamar a atenção do descontente professor. Por igreja, as pessoas escolhendo o que era mais fácil de acreditar. Todos os dias cruzaria com algum vendedor que tentaria intubar produtos desnecessários e sem serventia alguma. O lado esquerdo da janela era podre de rico e o direito podre de pobre. Haviam casas de fast-food, estradas de alcatrão, prédios do tamanho de gigantes, barulho e fumaça. Quase não haviam jardins. Ninguém conhecia ninguém, mas todo mundo sabia sobre todo mundo. Ainda assim eu não a considerava uma cidade grande, ou pelo menos não grande o suficiente, não pra mim. Ainda assim eu era notado. bjr

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